O Circo Continua (agora no pós Costismo)

Comentários

  1. Quando se escuta o Presidente da República surge a dúvida sobre a sua personalidade política – Será o Presidente uma ficção no mundo real da política? Será o Presidente uma realidade no mundo ficcional da política? Por vezes, o Presidente parece descolar da realidade e entrar num universo pessoal em que a política é uma narrativa criada pela sua imaginação. Outras vezes, o Presidente parece uma personagem ficcional na dura realidade da política.

    Este efeito bipolar entre o político imaginado e o político realizado é uma fonte de incompreensão e um contributo para a instabilidade. Como pode um Presidente instável ser a referência de estabilidade de uma fase da política portuguesa marcada pela instabilidade? Quando o actual Primeiro-Ministro é referido como um “rural”, quando o anterior Primeiro-Ministro é explicado como um “oriental”, quando a Procuradora Geral da República é simplesmente “maquiavélica”, quando Portugal tem de assumir a responsabilidade dos “crimes da escravatura” e pagar as respectivas “reparações”, e tudo em conversa informal com jornalistas estrangeiros, o que devem os portugueses pensar? Pensam que o Presidente oscila entre o delírio e a alucinação, entre o cinismo e o coração político partido.

    Mais aqui https://eco.sapo.pt/opiniao/presidente-perdido/

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  2. O homem não está bem, por causa dos traços de personalidade, os que sempre existiram com maior ou menor expressão, mitigados ou contidos por mínimos de senso, mas sobretudo porque sempre viveu numa bolha.

    É da bolha do berço, no conforto do Estado Novo e dos ajustes ao funcionamento democrático, achar-se ungido pela superioridade da Capital e da Linha para rotular terceiros perante estrangeiros de “rural”, “urbano-rural” ou “oriental”. 50 anos depois implantação da Democracia o país ainda não conseguiu superar a altivez e alegada superioridade de um conjunto de cidadãos mais próximo do Rei Sol do que de um Estado de direito democrático, que em função da origem e da proximidade aos corredores do poder, dos interesses vigentes e das posições consolidadas, acham que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.

    É da bolha da irresponsabilidade achar que se pode polemizar em torno de temas, que mexem com feridas da sociedade portuguesa de forma inconsequente quando o país está pejado de problemas e desafios para os quais não têm recursos e ainda estamos num quadro de existência de fundos comunitários, como aconteceu com a necessidade de ajustes de contas com a história de Portugal, sempre à luz dos olhos e dos valores de hoje.

    É da bolha da sonsice, pelo seu perfil de personalidade, querer fazer-nos acreditar que o exercício da cunha pelo filho no caso das gémeas não foi validado por um quadro de referência e uma prática do pai, com certeza com diversas projeções nos vários ministérios e instâncias da sociedade portuguesa desde que chegou a Belém. A enunciada rutura mais não é do que uma desumana e sonsa tentativa de contenção de danos, através de uma imposição de uma cerca sanitária de sanção a um comportamento que Marcelo também exercitou em barda ao longo do mandato. Basta considerar o seu comportamento, o que ele verbaliza em público e agora o nível do que verbaliza em alegado privado, como no jantar de correspondentes estrangeiros em Portugal.

    A bolha é um problema nacional. Viver na bolha é uma opção, pode até durar décadas e suscitar êxitos, mas, em democracia, há sempre um momento em que surge um clique de mudança, de sintonia com a realidade ou de preservação de mínimos de senso, de compromisso e de respeito pelo acervo de direitos, liberdades e garantias. A bolha de Marcelo é um problema. A bolha de Pinto da Costa levou-o a uma desastrosa saída de cena. A bolha em que vivem muitos protagonistas da vida política, reconfortados pelo que o exercício de funções lhes permite, mesmo que afastados das necessidades das pessoas e do país como um todo, leva-nos ao desgaste do compromisso democrático e à emergência de derivas negativas, do populismo ao insulto gratuito, da falta de observância de regras mínimas de vida em comunidade à disseminação do medo, da mentira e do boato. A bolha pode-se resolver pelo voto, mas numa sociedade com dinâmicas tão intensas, tem de haver forma de os excessos de vivência na bolha serem escrutinados, avaliados e superados quando estiverem reunidos os pressupostos do exagero, do chocante desfasamento, do dano ao interesse geral e do cansaço.

    Por agora, para além da evidente espiral de degradação pessoal e institucional, num momento importante do país em era bom que assim não fosse, temos um problema constitucional.

    Mais aqui https://ionline.sapo.pt/2024/04/30/marcelo-e-o-problema-da-bolha/

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